No outro dia fui – enfim – fazer a massagem que a Sapo me
ofereceu – Obrigada Sapo! – ao Chakras – maravilhoso Chakras!
Para quem nunca lá foi, vá! É exótico, bonito, charmoso,
tratam-nos como rainhas, e sentimo-nos rainhas!
Voltando à minha massagem: descobri que não sei “não pensar”.
Vou explicar. Quando estamos a fazer uma massagem é suposto relaxarmos, não
pensarmos em nada, deixarmos os problemas lá fora. Impossível. A minha cabeça
pensava na lista de compras que tinha mesmo de fazer no final de semana, depois
parava e ordenava-me a parar com aquilo. Dois segundos com a cabeça vazia. E lá
vamos nós de novo.
Pensei na decoração da casa, que gostava de remodelar tudo
mas que não tinha dinheiro para isso, e, por isso, ia só mudar as coisas de
sítio. Depois no que me tinha esquecido de fazer no trabalho. Depois na minhas
resoluções de ano novo, que já tinha passado quase um mês e que, até agora, nem
um esforço tinha feito para as realizar. Depois nas mãos e nos pés que tinha
mesmo de fazer porque já era uma vergonha. Tinha uma unha partida e outra com
verniz a metade.
Só parei de pensar quando adormeci. Acordei com a massagista
a levantar-me as pernas. E, em vez de estar feliz por ter relaxado, senti-me
angustiada a pensar se teria ressonado. Concluindo, não sei até que ponto as
massagens funcionam em mim…
Ainda por cima saí de lá às 19 horas, fui a correr para
casa, e, quando enfim me enfiei na casa de banho, percebi que os óleos de
relaxamento tinham chegado ao meu cabelo. Parecia um pinto lambido, cabelo todo
escorrido e oleoso… Fui para a banheira e todos os óleos e cremes maravilhosos,
que serviam para hidratar a minha pele, foram-se pelo ralo.
Às 20 horas estava num jantar a pensar que andava muito
stressada e a precisar de relaxar… a vida é muito irónica mesmo…
Sim, sim, são lindos, e o melhor é que nos fazem magras e
altas. Mas também são uma dor de pés dos infernos. Às vezes vejo aquelas
mulheres com aqueles sapatos altíssimos, lindíssimos que as fazem magríssimas e
penso que sorte que elas têm. Devem ter tirado um curso qualquer – que eu
tiraria também se soubesse onde é – para andar naquilo, sobretudo nas ruas de
Maputo que têm um buraco aqui e outro ali e onde, para passar a estrada, há que
correr pela vida.
Aquelas mulheres são as minhas heroínas, mas, no fundo,
acredito que só andem de carro. Sentadinhas do carro para o trabalho. Chegam ao
trabalho, sentam de novo. Chegam ao restaurante – e um que esteja pertinho do
serviço – e sentam.
Conheço um homem que chama aquilo de “sapato para passar”. E
realmente, só servem para isso: passar, parar o trânsito, provocar um acidente,
porque todos os homens viram a cabeça, e acabou. Não são sapatos para viver, só
mesmo para passar. Ir passando.
Agora o que mais me surpreende - e o que eu mais admiro - é
como é que elas vão sair à noite com aquilo. Eu uso os meus sapatos com salto
de cunha para ficar alta, mas confortável. Admito que não são os mais
elegantes, mas só me dão dores nos pés a partir das três da manhã. Mas aquelas
mulheres aguentam, noites inteiras, lindas e maravilhosas e eu só penso que
sapatos é que elas usarão no dia seguinte. Porque se eu andasse em cima daquilo
durante horas seguidas no dia seguinte andaria descalça e muito provavelmente
com toalhas húmidas enroladas aos pés.
Quando era mais nova – embora não seja velha (mulher nunca
vai admitir que é velha) – bem que insistia em usar aquilo. Mas depois acabava
a noite pendurada no ombro do amigo, amiga, namorado ou completo desconhecido
que encontrasse ao lado, com a cabeça gritando palavrões, geralmente contra mim
própria. Agora desisti. Verguei-me à minha total incapacidade de usar aqueles
sapatos com 15, 20, 25 centímetros.
Definitivamente, aquelas mulheres são as minhas heroínas.
Quando eu for grande, quero ser assim.
. As minhas heroínas de sap...