Será que há relações que duram para sempre? Como é que
engolimos a raiva quando essa pessoa faz uma coisa dezenas, centenas, milhares
de vezes, apesar de lhe termos pedido que não a faça? Como é que se ultrapassam
os pequenos defeitos que nos irritam? Como é que se aguentam os dias em que nos
apetece estar sozinhas e mandar no comando da televisão? Como é que expulsamos
um homem da cama quando tudo o que queremos é fugir do calor, esticando-nos
todas no colchão? Como é que temos imaginação para tantos aniversários, natais,
dias dos namorados?
Hoje digo, com amor e paciência.
Se não dá para mandar no comando da televisão, o quarto e um
livro são os nossos melhores amigos, e ninguém manda no livro que lemos.
Os defeitos aguentam-se. Nem que se vá para a casa de banho
gritar sozinha, só para não gritar com ele.
A cama… a cama não há nada a fazer. Aguenta a companhia. Se
bem que tenho uma amiga que é totalmente a favor de quartos separados. Eu ainda
não sei o que penso sobre isso, já reflecti várias vezes mas não chego a
nenhuma conclusão. Por isso, se a companhia na cama dá calor, comprem um AC.
Se o sofá não chega para dois, comprem um maior.
Se vos apetece estarem sozinhas, vão fazer uma massagem, mãos,
pés, limpeza de pele. Qualquer actividade que não vos obrigue a falar. Ou limitem-se
a fecharem-se no quarto de banho, encham a banheira e metam-se lá dentro com
uma musiquinha e uma cerveja fresca na mão. Este ritual faz milagres.
As relações têm de acabar por coisas grandes. Mas a maioria
acaba por coisas pequenas, do dia-a-dia, que nem notamos. E vão nos enchendo os
nervos até sermos obrigadas a dar um pontapé e a dizer basta!
Só que há soluções antes desta. Antes do basta, há soluções.
Podem ser só pensos rápidos para um mal maior, mas resolvem muita coisa e
sobretudo, mais do que tudo, evitam muita coisa. Os chorrilhos de crueldades
que dizemos quando estamos no meio de uma discussão não desaparecem quando a
discussão acaba. Ninguém se esquece do que o outro disse, da forma como o
disse, e sobretudo do quanto doeu. E fica sempre o medo de que o diga de novo.
Uma amiga minha disse, e cito: “Acho que as relações são
feitas de barreiras "subentendidas" que sustentam o respeito e a
amizade (entre outros). E, à medida que vão sendo ignoradas, simplesmente
deixam de existir. Quando se insulta pela primeira vez, passa a ser menos
proibido. Quando chamas "inútil" pela primeira vez, passa a ser menos
proibido. Quando trais pela primeira vez, passa a ser menos proibido. etc etc
etc”.
As coisas não se esquecem, nada se esquece. E há palavras
proibidas, há gestos proibidos, há pensamentos proibidos. Por isso, quando
acharem que estão perto do ponto de ruptura por coisinhas pequenas que não têm importância
nenhuma, saiam daí. Vão acalmar-se para algum lado, vão beber um copo, ler um
livro, tomar um banho, fazer uma massagem. Porque depois não há retorno.
Estava no outro dia a falar com uma amiga, que me contava
que a futura sogra lhe tinha pedido para matar uma galinha. E que ela devia
matá-la, se quisesse ser digna do seu filho. A minha amiga não matou galinha
nenhuma, e nem sei bem como ficou aquela história.
Mas eu faço várias perguntas. Para já, porque é que matar
seja o que for me torna digna de casar? É suposto eu matar o meu marido? Ser rápida
e eficaz?
E depois, como raio é que se mata uma galinha? É torcer o
pescoço? Eu nem barata mato, quanto mais galinha! Eu só grito e alguém há-de
matar. Se matar galinha vai garantir o meu futuro amoroso, prevejo tempos
agrestes por estes lados.
Para a sogra da minha amiga, matar galinha é sinónimo de
saber cuidar de uma casa, do marido, cozinhar, fazer carinho, fazer comida. Mais
uma vez, estou em maus lençóis. Não sei cozinhar, quem cuida da casa é a minha
empregada e, se tiver de matar seja o que for, prefiro viver sozinha para o
resto da vida.
Mas isto faz-me pensar que, realmente, a vida é muito
injusta. Nós temos o período todos os meses, mais as semanas antes e depois em
que só nos apetece espancar seja quem for que estiver ao nosso lado. Depois
para termos filhos, temos de sofrer durante horas até as nossas ancas
alargarem. E ainda temos de trabalhar (sim, porque nunca sabemos se o nosso
marido nos vai trocar quando tivermos 40 anos e não soubermos fazer
absolutamente nada), e matar galinhas. Não era mais fácil arranjarem uma
empregada que matasse as galinhas?
Acho que as sogras deviam era escolher a empregada, e não a
noiva. Também não entendo como é que as sogras se esqueceram dos tempos
passados, em que sofreram o que nós temos hoje de sofrer. Elas gostaram de
sofrer? Pois, não também não gostamos. Começo a achar que elas fazem isso por
vingança. Se eu sofri, tu também vais sofrer.
Seja como for, já disse e repito: galinha não mato.
Ontem vi um filme que dizia que 80% das mulheres antevê, noprimeiro beijo, a relação inteira. Pareceu-me um pouco exagerado, mas na verdade, dei-me conta que eu própria sinto isso. Recordo-me de todos os primeiros beijos das relações que tive. E realmente eles dizem muito. Falo-vos só de dois.
Um deles, mais bonito, foi suave, quase como o pousar de uma borboleta sobre uma flor, lento e quase que a medo. Ele levantou as duas mãos devagar,emoldurou-me o rosto e beijou-me. Foi das relações mais carinhosas que já tive.
O segundo foi de língua, brincando com os meus lábios, provocando. Sem mãos, sem carinhos. Só a língua. Foi sensual, assim como toda a relação.
Resta saber o que as mulheres querem. Pois, meus queridos leitores homens, nós adaptamo-nos. O amor prevalece no fim das contas. Qualquer mulher será mais levada pelo primeiro beijo (o suave), qualquer mulher quer mais carinho, sentir que o homem a ama, e que não só a deseja. Sobretudo e mais do que tudo, qualquer mulher quer sentir-se diferente das outras, quer sentir que é amada, enquanto as outras são só desejadas. Desejo há por muitas, amor por raras.
Dito isto, não quer dizer que o beijo de língua seja logo caso perdido. O amor prevalece, e mesmo uma relação menos carinhosa e mais sensual, se manterá, se houver amor. Mesmo a mulher que dá muita importância ao carinho, poderá simplesmente colocar essa necessidade num segundo plano, se amar verdadeiramente. E uma relação sensual não é necessariamente má :)
Mas aí meus amigos, terão de aturar as perguntas einseguranças das vossas mulheres. É só sexo? Não me amas? Porque é que não és mais romântico? Porque não me fazes mais carinhos? Etc, etc. É preciso ter paciência, mas notem simplesmente que nós, mulheres, amamos de maneiradiferente. Somos mais inseguras, mais chatas, mais exigentes. E, a vocês, resta-vos fazer-nos a vontade, senão têm a vida num inferno. A isto retomaremos noutra crónica, mas deixo já a boa notícia: nem todas as mulheres são iguais :)
Por fim, quero deixar claro que estou só a falar de relações, ou seja, compromissos de longo termo, e não de casos de uma noite. A esses chegaremos mais tarde. Aguardem
. Coisinhas pequenas que es...