Há momentos que são maiores que nós mesmos. As despedidas são assim. Só nos apetece parar o tempo, mesmo sabendo que o futuro será melhor. A despedida é o fim de algo. Odeio aeroportos por causa disso. Já lá sofri muito. Deixei muita gente para trás. Tenho saudades dos que vão, e dos que deixo.
Nesses momentos, nem sabemos o que dizer. Sabe-se lá quando voltaremos a ver essa pessoa. Ela vai amar, ser feliz, rir e chorar, e nós não estaremos lá. Estivemos durante alguns meses, alguns anos. Estivemos lá todos os dias, até ao dia em que não estamos. E ela vai continuar a sua vida, e eu vou continuar a minha vida. Como se nada fosse. Como se sim, a amizade e o amor pudessem ser mais fortes do que a distância, que a preguiça do telefonema e do email. E não é. O amor fica. Mas perdemos tudo. Perdemos o nascimento do filho, a nova casa, a viagem, o bolo de anos, perdemos as derrotas, as conquistas, as noitadas, o novo verniz, a nova roupa, o novo amor. Só ouvimos falar, como se de um filme, de um sonho se tratasse. Perdemos o dia a dia. Moçambique é um país de passagem. Quem cá está para ficar sabe que terá de dizer olá e adeus consecutivamente. Mas custa. Não são saudades. É falta. É um buraco. A pessoa simplesmente deixa um buraco, que ainda fica aberto durante algum tempo, ali, à espera de ser preenchido, e depois vai fechando, devagarinho, até que um dia fechou. E já não faz falta. Só ficam saudades mesmo.
À minha amiga, que sabe quem é, vais deixar um buraco minha querida.
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