Estava no outro dia a falar com uma amiga, que me contava
que a futura sogra lhe tinha pedido para matar uma galinha. E que ela devia
matá-la, se quisesse ser digna do seu filho. A minha amiga não matou galinha
nenhuma, e nem sei bem como ficou aquela história.
Mas eu faço várias perguntas. Para já, porque é que matar
seja o que for me torna digna de casar? É suposto eu matar o meu marido? Ser rápida
e eficaz?
E depois, como raio é que se mata uma galinha? É torcer o
pescoço? Eu nem barata mato, quanto mais galinha! Eu só grito e alguém há-de
matar. Se matar galinha vai garantir o meu futuro amoroso, prevejo tempos
agrestes por estes lados.
Para a sogra da minha amiga, matar galinha é sinónimo de
saber cuidar de uma casa, do marido, cozinhar, fazer carinho, fazer comida. Mais
uma vez, estou em maus lençóis. Não sei cozinhar, quem cuida da casa é a minha
empregada e, se tiver de matar seja o que for, prefiro viver sozinha para o
resto da vida.
Mas isto faz-me pensar que, realmente, a vida é muito
injusta. Nós temos o período todos os meses, mais as semanas antes e depois em
que só nos apetece espancar seja quem for que estiver ao nosso lado. Depois
para termos filhos, temos de sofrer durante horas até as nossas ancas
alargarem. E ainda temos de trabalhar (sim, porque nunca sabemos se o nosso
marido nos vai trocar quando tivermos 40 anos e não soubermos fazer
absolutamente nada), e matar galinhas. Não era mais fácil arranjarem uma
empregada que matasse as galinhas?
Acho que as sogras deviam era escolher a empregada, e não a
noiva. Também não entendo como é que as sogras se esqueceram dos tempos
passados, em que sofreram o que nós temos hoje de sofrer. Elas gostaram de
sofrer? Pois, não também não gostamos. Começo a achar que elas fazem isso por
vingança. Se eu sofri, tu também vais sofrer.
Seja como for, já disse e repito: galinha não mato.
Sim, sim, são lindos, e o melhor é que nos fazem magras e
altas. Mas também são uma dor de pés dos infernos. Às vezes vejo aquelas
mulheres com aqueles sapatos altíssimos, lindíssimos que as fazem magríssimas e
penso que sorte que elas têm. Devem ter tirado um curso qualquer – que eu
tiraria também se soubesse onde é – para andar naquilo, sobretudo nas ruas de
Maputo que têm um buraco aqui e outro ali e onde, para passar a estrada, há que
correr pela vida.
Aquelas mulheres são as minhas heroínas, mas, no fundo,
acredito que só andem de carro. Sentadinhas do carro para o trabalho. Chegam ao
trabalho, sentam de novo. Chegam ao restaurante – e um que esteja pertinho do
serviço – e sentam.
Conheço um homem que chama aquilo de “sapato para passar”. E
realmente, só servem para isso: passar, parar o trânsito, provocar um acidente,
porque todos os homens viram a cabeça, e acabou. Não são sapatos para viver, só
mesmo para passar. Ir passando.
Agora o que mais me surpreende - e o que eu mais admiro - é
como é que elas vão sair à noite com aquilo. Eu uso os meus sapatos com salto
de cunha para ficar alta, mas confortável. Admito que não são os mais
elegantes, mas só me dão dores nos pés a partir das três da manhã. Mas aquelas
mulheres aguentam, noites inteiras, lindas e maravilhosas e eu só penso que
sapatos é que elas usarão no dia seguinte. Porque se eu andasse em cima daquilo
durante horas seguidas no dia seguinte andaria descalça e muito provavelmente
com toalhas húmidas enroladas aos pés.
Quando era mais nova – embora não seja velha (mulher nunca
vai admitir que é velha) – bem que insistia em usar aquilo. Mas depois acabava
a noite pendurada no ombro do amigo, amiga, namorado ou completo desconhecido
que encontrasse ao lado, com a cabeça gritando palavrões, geralmente contra mim
própria. Agora desisti. Verguei-me à minha total incapacidade de usar aqueles
sapatos com 15, 20, 25 centímetros.
Definitivamente, aquelas mulheres são as minhas heroínas.
Quando eu for grande, quero ser assim.
Ontem vi um filme que dizia que 80% das mulheres antevê, noprimeiro beijo, a relação inteira. Pareceu-me um pouco exagerado, mas na verdade, dei-me conta que eu própria sinto isso. Recordo-me de todos os primeiros beijos das relações que tive. E realmente eles dizem muito. Falo-vos só de dois.
Um deles, mais bonito, foi suave, quase como o pousar de uma borboleta sobre uma flor, lento e quase que a medo. Ele levantou as duas mãos devagar,emoldurou-me o rosto e beijou-me. Foi das relações mais carinhosas que já tive.
O segundo foi de língua, brincando com os meus lábios, provocando. Sem mãos, sem carinhos. Só a língua. Foi sensual, assim como toda a relação.
Resta saber o que as mulheres querem. Pois, meus queridos leitores homens, nós adaptamo-nos. O amor prevalece no fim das contas. Qualquer mulher será mais levada pelo primeiro beijo (o suave), qualquer mulher quer mais carinho, sentir que o homem a ama, e que não só a deseja. Sobretudo e mais do que tudo, qualquer mulher quer sentir-se diferente das outras, quer sentir que é amada, enquanto as outras são só desejadas. Desejo há por muitas, amor por raras.
Dito isto, não quer dizer que o beijo de língua seja logo caso perdido. O amor prevalece, e mesmo uma relação menos carinhosa e mais sensual, se manterá, se houver amor. Mesmo a mulher que dá muita importância ao carinho, poderá simplesmente colocar essa necessidade num segundo plano, se amar verdadeiramente. E uma relação sensual não é necessariamente má :)
Mas aí meus amigos, terão de aturar as perguntas einseguranças das vossas mulheres. É só sexo? Não me amas? Porque é que não és mais romântico? Porque não me fazes mais carinhos? Etc, etc. É preciso ter paciência, mas notem simplesmente que nós, mulheres, amamos de maneiradiferente. Somos mais inseguras, mais chatas, mais exigentes. E, a vocês, resta-vos fazer-nos a vontade, senão têm a vida num inferno. A isto retomaremos noutra crónica, mas deixo já a boa notícia: nem todas as mulheres são iguais :)
Por fim, quero deixar claro que estou só a falar de relações, ou seja, compromissos de longo termo, e não de casos de uma noite. A esses chegaremos mais tarde. Aguardem
Olá minhas amigas e amigos,
O Batom Vermelho não é um blog para mulheres. É um blog sobre mulheres. Roupa, saltos altos, maquilhagem, sexo, amores e desamores. É um blog que fará as mulheres ler, e os homens pensar. Há melhor do que isso?
Escrevam-me, façam-me também pensar, rir e chorar.
E não sejam tímidos :)
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